quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Escolas públicas têm o pior desempenho do Enem

Haddad lembra questões socioeconômicas, mas considera intolerável distância entre escolasBrasília (ABr) - Responsáveis por 88% das matrículas do ensino médio do país, as escolas públicas são maioria entre as que ficaram com nota abaixo da média nacional no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2010. Entre os estabelecimentos de ensino que tiveram desempenho inferior à média nacional na prova objetiva (511,21 pontos), 96% são públicos. Esse dado descarta os colégios que tiveram participação inferior a 2% ou com menos de 10 alunos inscritos e, por esse motivo, não recebem uma nota final.

No total, 63% das escolas que participaram do Enem no ano passado ficaram com desempenho inferior à média nacional. Para o ministro da Educação, Fernando Haddad, a distância entre os resultados é "intolerável" e precisa ser reduzida. Ele avalia, entretanto, que muitas vezes o baixo desempenho está relacionado não apenas às condições da escola, mas de seu entorno.

"Às vezes, as condições socioeconômicas das famílias explicam muito mais o resultado de uma escola do que o trabalho do professor e do diretor. E, muitas vezes, as escolas são sobrecarregadas com responsabilidades que não são 100% delas. É muito diferente uma escola de um bairro nobre de uma região metropolitana de classe média, cujo investimento por aluno é dez vezes o investimento por aluno da rede pública, de uma escola rural que atende a filhos de lavradores que não tiveram acesso à alfabetização", pondera o ministro.

No ranking nacional aparecem, entre as 10 primeiras, algumas instituições já tradicionais no pelotão de frente do Enem. Em primeiro, está o Colégio São Bento, do Rio de Janeiro, que havia perdido a ponteira no ano passado para o agora terceiro colocado Vértice, de São Paulo. Em segundo lugar está o Instituto Dom Barreto. O Colégio Bernoulli e o Aplicação da UFV  ambos de Minas Gerais, também já ficavam entre os 10 dianteiros. São novidades no seleto grupo o Colégio Santo Antonio (MG), que passou da 17ª posição para a 5ª, o Cruzeiro-Centro, do Rio, que tinha a 24ª posição e agora conquistou a 6ª, o Educandário Maria Goretti, que passou do 20ª lugar para o 7ª este ano; o Santo Agostinho, também do Rio, que estava em 22º e ocupa agora a 9ª posição, e o Colegium, de Minas, que está em 10º e era apenas o 98º em 2009.


Apenas uma pública está entre as 20 melhores do país: o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (UFV). A média obtida pela escola mineira foi 726,42 pontos, levando em conta a média entre a prova objetiva e a redação. Para Mozart Neves Ramos, membro do Conselho Nacional de Educação (CNE) e do Conselho de Governança do movimento Todos Pela Educação,  a ausência de escolas públicas entre as melhores do Enem não é novidade e deriva da desigualdade de acesso a oportunidades educacionais no país.

"Esse quadro é um reflexo do próprio apartheid [regime de segregação racial na África do Sul], causado por uma educação que não é oferecida no mesmo patamar a todos desde a alfabetização. As avaliações mostram que essa desigualdade  [da qualidade do ensino oferecido por públicas e particulares] começa lá atrás e vai se acentuando ao longo do percurso escolar. 

Apostilas justificam sucesso de colégio em São Paulo

Taubaté (AE) - Uma das razões do sucesso do Colégio Embraer Juarez Wanderley, localizado no distrito de Eugênio de Melo, em São José dos Campos, no interior paulista, e o primeiro colocado em São Paulo, é a utilização do sistema apostilado. A gerente de desenvolvimento social do Instituto Embraer, Mariza Scalabrin, conta que, quando se pensou numa escola de excelência, foi decidido que seria desnecessário investir num item que o mercado já oferecia com qualidade.  

A opção foi pelo sistema Pitágoras, que tem hoje mais de 600 escolas integradas em todo o País, além de seis unidades no Japão, que recebem suporte e acompanhamento técnico-pedagógico, sem se desfazer de suas respectivas identidades. "Hoje o ensino médio é direcionado para o vestibular. O sistema escolhido atende muito bem a esse objetivo", explicou Mariza. 

O colégio, que vem apresentando destacadas performances no Enem, é uma iniciativa do Instituto Embraer, que gasta cerca de R$ 900 mil por mês para manter 600 alunos. Além dos estudos, cuja carga horária é de 6.000 horas/ano, com jornada diária de 10h - das 7h35 às 17h35 - eles recebem material escolar, alimentação, com café da manhã, almoço e café da tarde e transporte gratuito. 

Antes de passar pela prova, no entanto, segundo ela, o aluno tem que se enquadrar numa questão fundamental: ter passado pelo menos os últimos quatro anos numa escola pública, o que justifica o índice de 60% dos alunos vindos das escolas municipais do Vale Paraibano. 

A excelência perseguida pelo colégio e os resultados positivos o transformaram numa referência regional, fazendo com que suas vagas se tornassem muito disputadas. Nos testes de seleção, 4.000 disputam vagas oferecidas. No projeto pedagógico, outro ponto forte da escola, busca-se um nível de excelência acadêmica, o que fez com que, em 2010, por exemplo, 85% dos alunos do colégio fossem aprovados em universidades públicas.

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