
No total, 63% das escolas que participaram do Enem no ano passado ficaram com desempenho inferior à média nacional. Para o ministro da Educação, Fernando Haddad, a distância entre os resultados é "intolerável" e precisa ser reduzida. Ele avalia, entretanto, que muitas vezes o baixo desempenho está relacionado não apenas às condições da escola, mas de seu entorno.
"Às vezes, as condições socioeconômicas das famílias explicam muito mais o resultado de uma escola do que o trabalho do professor e do diretor. E, muitas vezes, as escolas são sobrecarregadas com responsabilidades que não são 100% delas. É muito diferente uma escola de um bairro nobre de uma região metropolitana de classe média, cujo investimento por aluno é dez vezes o investimento por aluno da rede pública, de uma escola rural que atende a filhos de lavradores que não tiveram acesso à alfabetização", pondera o ministro.
No ranking nacional aparecem, entre as 10 primeiras, algumas instituições já tradicionais no pelotão de frente do Enem. Em primeiro, está o Colégio São Bento, do Rio de Janeiro, que havia perdido a ponteira no ano passado para o agora terceiro colocado Vértice, de São Paulo. Em segundo lugar está o Instituto Dom Barreto. O Colégio Bernoulli e o Aplicação da UFV ambos de Minas Gerais, também já ficavam entre os 10 dianteiros. São novidades no seleto grupo o Colégio Santo Antonio (MG), que passou da 17ª posição para a 5ª, o Cruzeiro-Centro, do Rio, que tinha a 24ª posição e agora conquistou a 6ª, o Educandário Maria Goretti, que passou do 20ª lugar para o 7ª este ano; o Santo Agostinho, também do Rio, que estava em 22º e ocupa agora a 9ª posição, e o Colegium, de Minas, que está em 10º e era apenas o 98º em 2009.
Apenas uma pública está entre as 20 melhores do país: o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (UFV). A média obtida pela escola mineira foi 726,42 pontos, levando em conta a média entre a prova objetiva e a redação. Para Mozart Neves Ramos, membro do Conselho Nacional de Educação (CNE) e do Conselho de Governança do movimento Todos Pela Educação, a ausência de escolas públicas entre as melhores do Enem não é novidade e deriva da desigualdade de acesso a oportunidades educacionais no país.
"Esse quadro é um reflexo do próprio apartheid [regime de segregação racial na África do Sul], causado por uma educação que não é oferecida no mesmo patamar a todos desde a alfabetização. As avaliações mostram que essa desigualdade [da qualidade do ensino oferecido por públicas e particulares] começa lá atrás e vai se acentuando ao longo do percurso escolar.
Apostilas justificam sucesso de colégio em São Paulo
Taubaté (AE) - Uma das razões do sucesso do Colégio Embraer Juarez Wanderley, localizado no distrito de Eugênio de Melo, em São José dos Campos, no interior paulista, e o primeiro colocado em São Paulo, é a utilização do sistema apostilado. A gerente de desenvolvimento social do Instituto Embraer, Mariza Scalabrin, conta que, quando se pensou numa escola de excelência, foi decidido que seria desnecessário investir num item que o mercado já oferecia com qualidade.
A opção foi pelo sistema Pitágoras, que tem hoje mais de 600 escolas integradas em todo o País, além de seis unidades no Japão, que recebem suporte e acompanhamento técnico-pedagógico, sem se desfazer de suas respectivas identidades. "Hoje o ensino médio é direcionado para o vestibular. O sistema escolhido atende muito bem a esse objetivo", explicou Mariza.
O colégio, que vem apresentando destacadas performances no Enem, é uma iniciativa do Instituto Embraer, que gasta cerca de R$ 900 mil por mês para manter 600 alunos. Além dos estudos, cuja carga horária é de 6.000 horas/ano, com jornada diária de 10h - das 7h35 às 17h35 - eles recebem material escolar, alimentação, com café da manhã, almoço e café da tarde e transporte gratuito.
Antes de passar pela prova, no entanto, segundo ela, o aluno tem que se enquadrar numa questão fundamental: ter passado pelo menos os últimos quatro anos numa escola pública, o que justifica o índice de 60% dos alunos vindos das escolas municipais do Vale Paraibano.
A excelência perseguida pelo colégio e os resultados positivos o transformaram numa referência regional, fazendo com que suas vagas se tornassem muito disputadas. Nos testes de seleção, 4.000 disputam vagas oferecidas. No projeto pedagógico, outro ponto forte da escola, busca-se um nível de excelência acadêmica, o que fez com que, em 2010, por exemplo, 85% dos alunos do colégio fossem aprovados em universidades públicas.
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